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Ansiedade e Autoconhecimento: Perspectivas Junguianas e da Neurociência




A ansiedade é uma experiência universal, um sentimento que muitas vezes se intensifica ao longo da vida e em fase de profundas mudanças. Na perspectiva junguiana, a ansiedade é vista como uma mensagem que nos alerta para transformações internas e partes de nós que clamam por expressão.

Para Jung, a ansiedade não é apenas um problema a ser eliminado, mas uma oportunidade para o autoconhecimento e para a integração do eu (individuação). Ele defende o uso de sonhos, imaginação ativa, arte e diálogos internos para explorar o conteúdo simbólico da ansiedade e entender quais aspectos da psique estão pedindo.

Já a neurociência moderna complementa essa perspectiva, oferecendo uma compreensão sobre os processos envolvidos que acompanham a experiência da ansiedade. Ela identifica áreas do cérebro, como a amígdala e o córtex pré-frontal, que são fundamentais para a resposta emocional e a tomada de decisão, assim como a resposta de “luta ou fuga” ativada constantemente. É como se estivéssemos fugindo de uma ameaça (um leão, um ladrão, uma perseguição) por horas seguidas. A raiz da ansiedade são os medos, que podem ser reais ou medos que criamos (mas não nos damos conta).

A neurociência nos mostra como hormônios e influenciam a experiência de ansiedade. Em momentos de estresse elevado, esses produtos químicos podem se desequilibrar, amplificando a resposta do corpo a situações que ele percebe como ameaçadoras, mesmo que não o sejam objetivamente. Para mulheres, as oscilações hormonais podem intensificar o impacto da ansiedade, considerando que o estrogênio desempenha um papel crucial na regulação de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que são fundamentais para o humor e o bem-estar.

Sentir ansiedade é natural e saudável. Quando, por exemplo, temos uma apresentação muito importante a fazer, sentir ansiedade (que é motivada pelo medo da exposição ou do fracasso) nos faz dedicar mais tempo para estudarmos e por consequência fazemos a apresentação mais bem preparados. Precisamos ter atenção quando, mesmo após a ameaça não ser mais real, seguimos nos sentindo assim.

Ao unir as contribuições de Jung e da neurociência, podemos construir uma abordagem integrada para lidar com a ansiedade. Na visão junguiana, o autoconhecimento continua sendo o núcleo da cura. É importante acolher e compreender as mensagens que a ansiedade carrega, usando práticas como a interpretação de sonhos, recursos projetivos e o processo terapêutico para explorar o que ela simboliza.

Paralelamente, a neurociência recomenda técnicas de regulação emocional que ajudam a equilibrar o sistema nervoso, como a respiração profunda e o mindfulness, que auxiliam na redução da atividade da amígdala e favorecem o equilíbrio emocional. Práticas como a respiração 4-7-8 (inspira em 4 segundo, prende por 7 segundos e expira em 8 segundos) ou o grounding (aterramento – caminhar descalça ou mexer com a terra), onde nos concentramos nas sensações físicas do momento, ajudam a ancorar a mente e a reduzir a resposta de “luta ou fuga”.

Ao integrar as práticas recomendadas por Jung e pela neurociência, transformamos a ansiedade em uma mensagem de autodescoberta. Esse equilíbrio entre autocompreensão e estratégias de regulação emocional nos conduz a uma vida mais serena e em sintonia com o nosso verdadeiro eu.

 
 
 

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Aline Rodrigues - Psicoterapeuta de Mulheres

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