Imagem Corporal na meia idade: Um Olhar Junguiano Sobre a Transformação
- Aline Rodrigues
- 3 de abr.
- 2 min de leitura

A imagem corporal é mais do que a forma como percebemos nosso próprio corpo; ela é um reflexo do nosso inconsciente, de nossas experiências e da cultura em que estamos inseridas. No processo da metanoia (que acontece a partir de mais ou menos 38 anos) — essa profunda transformação interior que nos convida a reavaliar nossas crenças e padrões — a relação com a nossa imagem corporal se torna um aspecto essencial dessa jornada.
A imagem corporal como reflexo do nosso inconsciente
Na psicologia junguiana, compreendemos que nossa identidade não é construída apenas a partir da consciência, mas também por meio das projeções do inconsciente. O corpo, muitas vezes, carrega a expressão simbólica de nossas emoções, traumas e do nosso processo de amadurecimento psicológico. A forma como o enxergamos pode estar contaminada por complexos inconscientes e pela Sombra — aquele aspecto de nós mesmas que evitamos reconhecer.
A metanoia nos desafia a atravessar o limiar da consciência para integrar aspectos negados de nossa mente. No que diz respeito à imagem corporal, esse processo pode nos levar a questionar padrões internalizados, superar a autocrítica e desenvolver uma relação mais compassiva com o próprio corpo.
O Corpo Como Expressão da Alma
A jornada de autoconhecimento proposta pela metanoia nos convida a enxergar o corpo como um veículo sagrado de nossa essência. Se, por um lado, a cultura impõe padrões rígidos de beleza e nos afasta de nossa autenticidade, por outro, o processo de individuação (que nos torna único e individual) nos convida a recuperar o sentido simbólico do corpo. Cada marca, cada forma e cada mudança ao longo do tempo podem ser compreendidas como manifestações de nossa história e de nossa jornada psíquica.
O corpo feminino, em especial, carrega muitos símbolos arquetípicos — a donzela, a mãe, a anciã — e a forma como nos relacionamos com nossa imagem pode revelar em que estágio dessa trajetória nos encontramos, considerando que podemos passar por todas elas independente de nossa idade cronológica.
O envelhecimento, por exemplo, pode ser visto como um declínio para alguns ou como uma transição para a sabedoria para outros.
Ressignificando a Relação com a Imagem Corporal
O convite da metanoia é olhar para nosso corpo com um novo olhar. Algumas práticas podem auxiliar nesse processo:
Diálogo com a Sombra: Reconhecer crenças limitantes e críticas internas que perpetuam uma relação negativa com o corpo.
Expressão simbólica: Trabalhar com arte, escrita ou movimento corporal para acessar o inconsciente e ressignificar a própria imagem.
Autocuidado como ritual: Enxergar o autocuidado não como uma obrigação estética, mas como um ato de conexão e cuidado consigo mesma.
Sonhos e imaginação ativa: Explorar imagens que surgem em seus sonhos e praticar exercícios de imaginação para compreender os significados mais profundos da relação com esta fase.
Ao integrar esses aspectos, a metanoia se torna um caminho para uma nova relação com a imagem corporal — uma relação baseada na autenticidade, no amor próprio e na valorização da própria jornada.
O corpo deixa de ser um inimigo a ser moldado para caber em padrões e passa a ser um símbolo vivo de quem realmente somos.
Que esse processo seja vivido com profundidade e carinho, permitindo que cada mulher reencontre, em seu próprio reflexo, a beleza única de sua alma.
Comments