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Imagem Corporal na meia idade: Um Olhar Junguiano Sobre a Transformação




A imagem corporal é mais do que a forma como percebemos nosso próprio corpo; ela é um reflexo do nosso inconsciente, de nossas experiências e da cultura em que estamos inseridas. No processo da metanoia (que acontece a partir de mais ou menos 38 anos) — essa profunda transformação interior que nos convida a reavaliar nossas crenças e padrões — a relação com a nossa imagem corporal se torna um aspecto essencial dessa jornada.


A imagem corporal como reflexo do nosso inconsciente

Na psicologia junguiana, compreendemos que nossa identidade não é construída apenas a partir da consciência, mas também por meio das projeções do inconsciente. O corpo, muitas vezes, carrega a expressão simbólica de nossas emoções, traumas e do nosso processo de amadurecimento psicológico. A forma como o enxergamos pode estar contaminada por complexos inconscientes e pela Sombra — aquele aspecto de nós mesmas que evitamos reconhecer.

A metanoia nos desafia a atravessar o limiar da consciência para integrar aspectos negados de nossa mente. No que diz respeito à imagem corporal, esse processo pode nos levar a questionar padrões internalizados, superar a autocrítica e desenvolver uma relação mais compassiva com o próprio corpo.


O Corpo Como Expressão da Alma

A jornada de autoconhecimento proposta pela metanoia nos convida a enxergar o corpo como um veículo sagrado de nossa essência. Se, por um lado, a cultura impõe padrões rígidos de beleza e nos afasta de nossa autenticidade, por outro, o processo de individuação (que nos torna único e individual) nos convida a recuperar o sentido simbólico do corpo. Cada marca, cada forma e cada mudança ao longo do tempo podem ser compreendidas como manifestações de nossa história e de nossa jornada psíquica.

O corpo feminino, em especial, carrega muitos símbolos arquetípicos — a donzela, a mãe, a anciã — e a forma como nos relacionamos com nossa imagem pode revelar em que estágio dessa trajetória nos encontramos, considerando que podemos passar por todas elas independente de nossa idade cronológica.

O envelhecimento, por exemplo, pode ser visto como um declínio para alguns ou como uma transição para a sabedoria para outros.


Ressignificando a Relação com a Imagem Corporal

O convite da metanoia é olhar para nosso corpo com um novo olhar. Algumas práticas podem auxiliar nesse processo:

Diálogo com a Sombra: Reconhecer crenças limitantes e críticas internas que perpetuam uma relação negativa com o corpo.

Expressão simbólica: Trabalhar com arte, escrita ou movimento corporal para acessar o inconsciente e ressignificar a própria imagem.

Autocuidado como ritual: Enxergar o autocuidado não como uma obrigação estética, mas como um ato de conexão e cuidado consigo mesma.

Sonhos e imaginação ativa: Explorar imagens que surgem em seus sonhos e praticar exercícios de imaginação para compreender os significados mais profundos da relação com esta fase.

Ao integrar esses aspectos, a metanoia se torna um caminho para uma nova relação com a imagem corporal — uma relação baseada na autenticidade, no amor próprio e na valorização da própria jornada.


O corpo deixa de ser um inimigo a ser moldado para caber em padrões e passa a ser um símbolo vivo de quem realmente somos.
Que esse processo seja vivido com profundidade e carinho, permitindo que cada mulher reencontre, em seu próprio reflexo, a beleza única de sua alma.

 
 
 

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Aline Rodrigues - Psicoterapeuta de Mulheres

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